Enfim, chegou o Natal
Data da notícia: 2021-12-23 19:06:02
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Vou logo avisando que minha inteno no desqualificar o Natal, tampouco no reconhecer que nesta data do cristianismo as pessoas se enchem de um esprito fraternal e, ao menos, por um dia, algumas horas ou alguns minutos depois da meia-noite se desejam Feliz Natal.
Atravessando os sculos, o Natal foi perdendo sua representatividade ou sua simbologia, at se tornar um arremedo de celebrao pelo nascimento de Jesus Cristo.
Nos ltimos dias, tive tempo e curiosidade suficientes para acompanhar na tev algum comercial que remetesse ao nascimento de Cristo.
Nenhum. Tambm no faltaram instituies financeiras feito o Bradesco e operadoras de telefonia celular como Claro, TIM e Oi, que passaram o ano ignorando as reclamaes dos clientes, fazendo um ltimo esforo para reaproximar as pessoas. Talvez, um pedido de desculpas fosse mais apropriado.
Se avanarmos no tempo, mesmo com certa incredulidade, pode-se concluir que a imagem de uma criana deitada numa manjedoura, acompanhada dos pais e cercada por animais no combina com os sofisticados presentes oferecidos e desejados a cada intervalo comercial.
Mas seria hipcrita da minha parte, seno afirmasse que o verdadeiro Natal amortece as indiferenas do dia a dia.
Na quarta-feira (22), uma pessoa que h anos no tenho nenhuma estima, por falta do que dizer e por no poder mudar de direo, me desejou Feliz Natal. Claro que retribu com a mesma sinceridade. Cumprimos a tradio. Perpetuamos uma farsa que vem de milnios e pelo andar da carruagem deve seguir por um bom tempo. Desde o sculo IV, quando o cristianismo se tornou a religio do Imprio Romano, que o nascimento de Jesus celebrado.
Tudo bem se antes o homenageado no dia 25 de dezembro era outro. Um certo deus persa chamado Mitra, que veio para trazer benevolncia, sabedoria e solidariedade aos homens, alguns sculos antes. J naquela poca, as famlias trocavam presentes e se esbaldavam na comilana.
Reparem nas coincidncias. E o Papai Noel? Mesmo inspirado em So Nicolau, que viveu no Sculo IV, esse s foi dar as caras aqui no Sculo 19. E a cada ano, ele refora o sentimento de consumismo.
H quase dois anos, estamos sendo testados por uma pandemia que impiedosamente testa nossas crenas. Em 2020, nesta mesma poca, nossos abraos e beijos, acompanhados de pedidos por um 2021 melhor, foram mortais para muitos de ns. Uma segunda onda da doena veio com mais fora, na mesma medida de nossa irresponsabilidade. E para os que puderam seguir com o direito vida, aconselho que vejam com gratido a oportunidade de, a cada dia, comemorar o nascimento do Menino Deus.
Fonte: Jairo Ardull, escritor e jornalista
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